Dia chuvoso. Quatro horas da manhã. Os ossos doem. E ele acorda, e levanta, e caminha, e ele faz o seu serviço. E ele leva a bóia fria para o campo. Homem de dores, que sua de verdade e tem as mãos calejadas para manter o pão de cada dia.
Cada um tem um propósito. Cada um tem uma vida. Cada um chora o seu pranto. Mas e o sangue derramado, quem chorará? (Se nem pelo leite choram mais, quanto mais pelo sangue alheio). Com as vidas que se vão, quem vai se importar? E o trabalho que o Carpinteiro nos deixou, quem fará? Será que existe poeta que ame a esse ponto? Me ocorre que se não posso convencê-los, também não os devo negligenciar, porquanto meu trabalho é simplesmente dizer a verdade...
Como estão as minhas mãos? Se estão marcadas pela fineza do descaso, me perdoe. Se estão como o veludo do egoísmo, quem me salvará... Quero que as minhas mãos tenham os seus calos. Calos de amor; calos de compaixão; calos de um coração que tem os seus sentimentos e que chora pelas suas tristezas. Calos de quem realmente se importa com o importúnio gerado por aqueles que não te conhecem. Calos de quem não esconde a verdade e quer ter o seu nome marcado para sempre no coração...
Os calos não doem mais do que os cravos... Quem sou eu para rejeitá-los?
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