sexta-feira, 14 de junho de 2013

Poesia do exílio

Nos tempos sombrios
se cantará também?
Também se cantará
sobre os tempos sombrios.

B. Bretch

quinta-feira, 4 de abril de 2013

"Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal". (Jó 1:1)

...

"Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos". (Jó 42:5)

quinta-feira, 7 de março de 2013

Pastoreio

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. (João 21:15-17)

Ultimamente venho desenvolvendo uma certa aversão por escrever sobre temas relacionados à igreja, ou mesmo sobre fé, de maneira geral. Não porque isso deixou de ser importante para mim (pelo contrário), mas porque, conforme começo a conhecer alguns autores importantes e que têm edificado a minha fé de maneira substancial, vejo que o que precisa ser dito, já está dito. Suficientemente nas escrituras e complementarmente por diversos autores há, pelo menos, alguns séculos. Porém, cá estou eu de novo (talvez até pela imaturidade de dar lugar ao incômodo; então que, pelo menos, seja bíblico e sensato o que se segue).

Conheço muitos pastores. Alguns, no sentido bíblico propriamente dito. Outros, no sentido do estereótipo firmado por aí. Charlatões, hereges, filhos da perdição. Quanto a esses últimos, não vale gastar tempo e palavras, pois o próprio Deus sabe quem são, e há de cuidar dos seus, afastando-os deles. No entanto, não quero me referir aqui a nenhum dos dois. Me refiro àqueles que foram, de fato, chamados para o ministério pastoral, mas que ainda não o assumiram ""oficialmente"" em suas igrejas locais.

Cabe aqui um parêntese. Sou filho de pastor, e sei que meu pai não é perfeito. Por isso, que fique claro, não serve esse texto para ferir os irmãos, muito menos para apontar o dedo para ninguém. Apenas espero, de alguma forma, contribuir para a edificação do corpo. Dito isso, continuemos.

Em primeiro lugar, se você foi chamado ao ministério pastoral mas não foi "ordenado" por sua igreja local, mesmo respeitando certos limites, você não começa a sua jornada só depois que alguém coloca a mão na sua cabeça e diz: "agora, você é um pastor". Sua responsabilidade começa com os amigos e as pessoas à sua volta. Assim como em outros serviços, Deus vocaciona, chama e prepara. Portanto, se Deus te chamou para o ministério e você tem certeza disso, certamente algumas responsabilidades são postas à sua frente. E o que fazer diante delas?

Quando se fala de preparo ministerial, a primeira coisa que vem à mente de qualquer um é o preparo teológico e a importância de se ter uma vida espiritual próspera e plena. Ok. Conhecer a Deus de perto (e não só à respeito dele) é essencial para ser tutor das pessoas em suas caminhadas com Cristo. Mas é mais do que isso.

Não raro, tenho visto gente vocacionada, capaz de ensinar, próxima de Deus, mas que não tem NENHUMA responsabilidade com seus irmãos. Deixe-me dizer com todo o amor: se você diz que foi chamado ao ministério pastoral, mas quando um irmão te procura pedindo ajuda por estar vivendo uma situação difícil, ou para confessar pecados - ou mesmo quando é um cara de pau, que vive uma vida torta e não quer se arrepender - e a sua atitude é, por exemplo, falar dos pecados dele para os outros, ainda que usando pseudônimos ou anonimamente (sob aquela justificativa cretina de mostrar pra todo mundo como o homem é falho e como o meio evangélico está corrupto, e como você é o novo João Batista), ou mesmo se sua atitude é de deixar o cara pra lá, sem procurá-lo depois para... PASTOREAR, então reveja seus conceitos sobre o que é ser pastor. Veja, você não é obrigado a tomar para si essas responsabilidades, se não quiser. Mas uma vez que assumiu esse chamado, assuma também as responsabilidades dele.

Porque se você acha que Deus te chamou para pastorear, mas só quer a parte de "ser profeta", mas não de ter a responsabilidade de amar, corrigir, ser paciente - ainda que às vezes precise ser duro - ou se você acha que só vai ter que assumir tudo isso quando estiver pastoreando sua igreja local, que Deus tenha misericórdia de você, e te faça ver que a sua responsabilidade é bem maior do que você pensa.

Com amor,

Diego

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O lamento e o sol

Houve esse dia sem sorte
Em que o dia deixou de nascer
Ao contrário das estrelas do norte
Vi o sol à beira da morte
E o destino a lhe escurecer

De lua passei a enxergar
Candura deixou de existir
Quando a Nova chegou no porvir
Vi que a luz serve para a si ver
Meu espelho veio iluminar

Num assalto exclamei: "ai, Senhor!
Valei-me de minha condição!
Se me permites em vida o pão
Certamente não o mereci
Pois não passo de vil pecador"

Na manhã seguinte acordei
O sol veio trazer sua luz
O crepúsculo não mais me seduz
Foi um sonho, um esboço da dor
Que ao lhe abandonar me causei

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Cuba Libre

Já parou pra pensar que, às vezes, quando uma pessoa não assina um documento, não é por não se filiar a uma determinada causa, e sim por não ter motivos suficientes para confiar na credibilidade e na legitimidade do movimento que supostamente a patrocina? Ainda mais se for o caso de o tal documento estar num idioma diferente do seu, comprometendo a sua compreensão do conteúdo.

Se não parou pra pensar nisso ainda, considere não sair por aí chamando alguém que vive em um país governado por um regime ditatorial em pleno século XXI de "reacionário".

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lembrança

Se é mar
Desagua
Se é pena
Voa

Se eu rimar
Ama
Se amar
Perdoa

Se quiser
Fica
Mas se não
Rua

Se cair
Levanta
Se eu rir
Faz de conta

Que eu sou
Crescido
Faz de mim
Lembrança

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Telha (para Fernanda)

Sempre que um tesouro se apanha
É preciso mais que uma pá
Pois a mesma mão que o desenterra
É aquela que há de lapidar

Traz a eternidade e põe a mesa
Que hoje o tempo voa sem pudor
Senta e não espera ter de volta
A mesma mente vã que aqui chegou
 
A chuva cai na telha lá fora
Mas o violão não pode se encostar
A vida é bem mais do que o meu tempo me mostra
Mas tempo requer pra ela se encontrar
Se encontrar

Hoje a graça vem e se renova
O meu coração recebe a paz
Paz que em Cristo tive por herança
Abri a minha alma pra procurar

Feitos alguns retratos dos meus dias
O tempo em preto e branco os deixará
Fica na memória a alegria
Que as pequenas coisas vão deixar

A resposta vem no coração
Paz que guia ao que nos é maior (melhor)
Ao seu fim

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Viver

Sei que, pra mudar,
é preciso coragem e fé
Mas sei também
que alguém tem que começar

Ai, meu Deus, que será
que o homem precisa ter
pra conhecer
o ingênuo tesouro de amar?

Simples é melhor
do que muito sem aprender
a ser menor
e viver só pra se aprovar

Sofre quem não tem
mas sofre quem tem também
É o olhar
que define quem sabe lidar

E quem sabe o que é sofrer
Não esconde as marcas que tem
Pois quando amanhecer
poderá dividir com alguém

E, quem sabe um dia,
encontrar amor
E a alegria
em ver brotar uma flor

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O impulso da vida


Dia desses ouvi numa conversa entre amigos a respeito de uma filosofia xamânica sobre o sofrimento. Dizem, então, os tais sábios que quando perdemos alguém importante em nossas vidas – seja pelo falecimento ou pelo simples afastamento inevitável – perdemos um pedaço da nossa alma. É como se, às vezes, fosse tão impossível superar certas perdas, dada a ligação que temos com as pessoas que um dia amamos intensamente, que quando elas se vão de vez, um pedaço de nós vai junto, para nunca mais voltar.
Fiquei matutando esse pensamento durante um tempo. Fiz algumas conexões, como, por exemplo, com a ideia de saudade. Saudade é uma palavra que, até onde me consta, só existe na língua portuguesa. Como diz um amigo meu, é um sentimento essencialmente lusitano, já que é uma palavra de conotação positiva (“fulano, estou com saudades!”) para expressar um sentimento negativo, de perda. Isso faz dela a palavra de que mais gosto, ainda que odeie o que ela me faz sentir.
Mas a verdade é que não me conformei com a ideia de perda constante. Não me é natural, mas estava sendo otimista! “Não pode ser que as pessoas nunca superem perdas, e que isso seja inegociável com o acaso”.
E, na verdade, acredito não ser tão assim mesmo. Por um lado, a filosofia dos antigos tem um sentido, na medida em que há certas perdas que serão lembradas com um saudosismo e até mesmo uma tristeza extras por toda a vida. Por outro, de fato, nós perdemos, sofremos, nos angustiamos não só por pessoas, mas por crises existenciais fortes mas, no final das contas, por mais que tenhamos cicatrizes pelo resto da vida, é possível viver de novo. E isso apenas por uma razão: o impulso da vida.
Pense numa pessoa que, numa praia deserta, vai um pouco adiante do que deveria no seu banho de mar e se vê numa situação de iminente afogamento. O desespero toma conta dela, as braçadas são fortes e constantes, a respiração é cada vez mais difícil, mas depois de muito esforço, chega à praia (com cãibras e dores musculares insuportáveis). Viva.
O que é o desespero? Um sentimento ruim? Pelo contrário! Nesse caso, seria a vontade ensandecida de viver quando a vida propõe o contrário. O desespero é uma reação natural da vontade de viver. Uma pessoa na situação descrita pode nuca ter encontrado um momento de conforto durante seu auto-salvamento. Pode nunca ter voltado à tranquilidade do banho, mas sobreviveu.
Nossa alma pode ser constantemente inquieta pela perda de pessoas que amamos, e isso pode incomodar até o resto de nossas vidas. Nesse sentido, há uma certa razão nos xamãs. Mas é certo também que há vezes que, se não superamos uma perda racionalmente, é porque precisamos passar por cima dela, apenas pelo impulso de continuar vivendo. A falta estará sempre lá. Se superamos, vivemos. Mas, se não superamos, vivemos. E o fato de viver "apesar dos pesares", e de achar contentamento em outros relacionamentos, e sentido na vida, já é a superação em si mesma.
Se perder uma parte da alma é possível, como é possível que a história do afogamento tenha um final mais trágico, o impulso da vida faz com que esse final não seja inevitável. E viver é exatamente ter a felicidade de saber que, mesmo nas angústias, sofrer eternamente não é inevitável, ainda que, às vezes, o contrário seja extremamente difícil.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sempre


Sempre que eu penso em fugir
lembro que ouvi tua voz
me chamando pelo nome

O teu amor não é como o que
eu conheci convivendo
no meio dos homens

Homens como eu

Renasci quando enxerguei
os meus pecados na cruz
Oh! Que graça veio a mim
que não mereço tua compaixão

Vil pecador me acheguei a ti
Sem um tostão pra te dar,
te ofereci minha vida

Vã ilusão é pensar que fui
eu que te achei, se em tuas mãos
minha alma sempre esteve

E sempre estará