quinta-feira, 11 de março de 2010

Voto consciente

Posso começar dizendo que vocês, os poucos leitores desse blog - de uma forma ou de outra, seja pelo convívio diário ou pela peculiar relação virtual - me conhecem. Se não me conhecem intimamente, ao menos conhecem um pouco das minhas opiniões; sabem muito bem como as expresso e, consequentemente, sabem que, por mais incisivo que eu seja, meu discurso nunca teve e nunca terá o intuito de ofender, humilhar, agredir alguém. Seja a sua opinião diferente da minha ou não, isso nunca será motivo para ofensas. Se fizer isso, podem me cobrar, pois a partir de hoje esse texto esta aqui registrado.

Porém, ontem a tarde, depois de algumas opiniões que dei no twitter, rolou uma discussão um tanto quanto desagradável (pelo menos pra mim). Não gosto de confusão, principalmente as virtuais. O debate é sempre saudável quando se resume à troca de opiniões, à retórica. Quando a coisa pende para o lado pessoal, acho que se perde o aspecto salutar da discussão e não se pode aproveitar muita coisa do que se lê/ouve.

Por esse motivo, me proponho a tentar esclarecer algumas coisas que não podem ser esclarecidas nos 140 caracteres que o twitter dá.

Fiz alguns comentários à respeito de um perfil no twitter que passou a me seguir, o @VoteNulo2010. Os comentários (que você pode ver no meu perfil, vou poupá-los da transcrição) iam contra o tal perfil, que falava em "Revolução silenciosa" e "Reforma Política" através do voto nulo.

Eis, então, o que penso à respeito:

O voto nulo é, obviamente, uma das opções para aqueles que não acreditam em nenhuma das propostas dos candidatos. Ok.

O que falei contra, e continuarei falando, não é em relação ao voto nulo em si, que é uma opção do eleitor, insatisfeito com as propostas apresentadas. Sabemos (não precisa de conhecimentos metafísicos pra saber disso) que as diferentes propostas e visões políticas dos partidos são uma maquiagem para um objetivo comum, que gira em torno de poder e dinheiro, sempre, e outras coisas mais.

Meus comentários, então, não são contra o eleitor que vota nulo com consciência do que representa o voto nulo, ou "não-voto". Minha inquietação diz respeito apenas à "candidatização" do voto nulo, que passa a ter promessa de mudança e tudo! "Vote nulo por uma reforma política!" ou "Vote nulo para uma revolução silenciosa!". Isso, na minha opinião é ilusão, balela; exatamente na mesma medida de quem acredita na promessa dos políticos. Se você vota nulo, vote nulo pela sua consciência, vote nulo por descreditar nos candidatos. Mas não venha me dizer que se todos votarmos nulo teremos a solução dos problemas (vejam bem, foi isso que vi no perfil do @VoteNulo2010, não em outro!).

Até porque, como muitos acham, o voto nulo em massa não anula eleição. A "nulidade" a que a legislação se refere nesse caso tem um sentido específico, qual seja o sentido de "fraude", "maracutaia". Ou seja, se houver uma porcentagem determinada (não me lembro exatamente qual) de votos "nulos" (em sentido estrito, já exposto) haverá novas eleições. Por isso não acredito em "Revolução dos votos nulos", visto que não há nada além de expectativas e especulações como base para tal revolução.

Uma questão que ficou mal explicada também foi a do voto obrigatório. Ao dizer "vote livre" eu não disse que concordava com o voto obrigatório e com a visão simplista de cidadania. Cidadania é muito mais do que o "poder votar", como o conceito jurídico sugere. Cidadania, pra mim, é o poder do indivíduo de criticar a sociedade em que vive e, com base na sua crítica, escolher um candidato ou não.

Quando disse que tinha nojo das "revoluções de sofá", não disse que tinha nojo de quem vota nulo. Pelo amor de Deus! Também não disse que eu era um revolucionário e que iria mudar o país. Só acho irritante as pessoas chamarem de revolução uma proposta vazia.

Quem vota nulo tem que ser respeitado, sim. Talvez até mais respeitado do que quem vota em candidatos, mas desde que esse voto seja consciente, assim como todos os outros devem ser. Quem vota nulo por influência de um perfil no twitter pra mim é igual àquele alienado que vota no "coroné" que garante uma cesta básica.

Minha mensagem, por fim, é uma só. Pense! Vote consciente! Vote livre! Livre no sentido verdadeiro da palavra...

Aos que se sentiram de alguma forma agredidos, me perdoem. Meu papel como cristão não é ganhar discussões, apelar para insinuações levianas à respeito dos outros e nem me considerar melhor e mais inteligente, mas nunca deixei de expor meus pensamentos e, mesmo tendo muito o que aprender, não vou deixar de expor.

Sem mais,

Diego

2 perspectiva(s):

Angélica Abdon disse...

Já vi que provocastes uma grande polêmcia sem ao menos recorrer ao Twitter.

Concordo com tudo que disse, meno com o que nao concordo.

¬¬

Enfim, sempre existirão os que por ser julgarem "muito" são reduzidos a quase nada por qualquer mínima influência perigosa...

" Bem aventurado o homem que não se condena naquilo que aprova."

Consciencia sempre fez bem a saude.

Na Paz de Cristo
.

Diego C. Marins disse...

Pra falar a verdade, eu nem me lembro mais dessa discussão...

De tudo isso, só digo que não acreditem na leviandade que é fazer revolução através disso.

De resto, cada expressão é o reflexo de um país democrático, com os prós e os contras da democracia...