terça-feira, 2 de março de 2010

Olhos (des)vendados

Hoje vivi uma experiência que me encheu de alegria.

Como a maioria dos leitores sabem - nem sei se posso dizer maioria no caso de um blog como o meu (rs) - eu faço parte de uma banda, interlúdio, na qual toco violão e canto composições próprias. Muitos sabem também que gravamos o primeiro EP da banda a pouco, que está por detalhes finais para sair.

Pois bem...

Hoje fui ao estúdio acompanhar os últimos detalhes da mixagem das faixas, como me é de costume fazer. Papo vai, papo vem com o dono do estúdio e técnico de mixagem do CD e as músicas iam tocando enquanto ele fazia os bounces (tipo uma 'finalização', pra quem não sabe) e um dos rapazes que trabalha no estúdio - robusto que só, cabelão de roqueiro - veio timidamente se achegando.

Sentou no sofá da sala, cruzou a perna e fixou o olhar na janela do estúdio enquanto ia ouvindo as músicas. Quando chegou em uma específica, vi que o rapaz colocou a mão nos olhos - como quem quer fechar as cortinas da 'janela da alma' - e os fechou. Era como se fizesse uma oração, como se acreditasse, ou ao menos refletisse naquilo que estava ouvindo.

Vi que o que estava sendo cantado gerou uma reflexão e depois ele mesmo comentou: "Levada bacana, hein? Vocês da banda são de que igreja?"

Respondi: "Cada um é de uma, mas acreditamos no mesmo Deus e é isso que cantamos"

Vi um homem de 1,90 de altura, grande que só ele e com pinta de metaleiro, com o olhar de quem ouve uma boa notícia depois de anos.

A conversa não se estendeu muito; ele comentou seu afastamento da igreja por mais de 30 anos (ok, o 'rapaz' não era tão novo assim...rs), "mas não de Deus".

Minha alegria é a de ter a certeza de que minha canção não é vazia, por mais errante que eu seja. Minha esperança é que ela faça morada em outros corações, outras mentes, e que estes sejam cheios do que realmente nos preenche.

Com amor, e cheio de alegria,

Diego


Olhos Vendados

Eu vejo homens cansados
Tentando encontrar
A verdadeira alegria
Que em Cristo está

Eu vejo seus punhos atados
Buscando alcançar
Alguma certeza que os faça
Em paz repousar

Mas o teu amor
Me constrange a também amar
Quem os condenou
Se o filho vem para salvar?

Eu vejo olhos vendados
Tentando enxergar
A esperança de um dia
Com Deus se encontrar

Eu vejo lábios fechados
Que querem gritar
E ouço almas gritando:
Perdão, onde achar?

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